quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Texto Frei Betto: Consumo, logo existo.

link:

http://www.coopgirasol.com.br/UserFiles/File/2%20Texto%20Consumo%20logo%20existo.pdf

Morango Orgânico x Convencional

Fonte: www.portalorganico.com.br

Equipe Portal Orgânico
Maria Regina Chiarinelli

O Portal Orgânico entrevista a Engenheira Agrônoma Priscila Terrazzan, uma das responsáveis pelo artigo publicado na Revista Iberoamericana de Tecnologia Postcosecha, sobre morango orgânico x morango convencional, onde temos mais uma constatação científica para comprovar e avalizar a superioridade do alimento orgânico frente ao convencional.

Portal Orgânico: Primeiramente queremos parabenizá-la pelo importante trabalho. Poderia dizer quem participou desta pesquisa, fazer uma apresentação do trabalho e falar qual foi o objetivo deste experimento?
Priscila Terrazzan: Agradeço o grande apoio e parabenizo também o Portal Orgânico, pelo grande serviço prestado ao setor orgânico, inclusive por conhecer de perto o trabalho de vocês (Priscila fez parte da Equipe do Portal Orgânico como estagiária quando era estudante de engenharia agronômica).
Participaram do experimento, além de mim, o doutorando Juan Saavedra Del Aguila, a doutoranda Lília Sichmann Heiffig e o professor doutor Ricardo Alfredo Kluge, todos da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz". A pesquisa tem como título: Caracterização físico-química de morango, proveniente de sistemas agrícolas de produção convencional e orgânico, submetido à refrigeração.
O objetivo do trabalho foi avaliar as características físico-químicas de morangos, submetidos ao armazenamento refrigerado, provenientes de dois diferentes sistemas agrícolas de produção, o sistema de produção convencional e o sistema de produção orgânico.

Portal Orgânico: Por que o morango?
Priscila Terrazzan: Primeiramente porque o morango é considerado um fruto não-climatérico sendo de difícil conservação devido à sua rápida atividade metabólica e susceptibilidade ao ataque de agentes patogênicos. Depois por ser uma cultura bastante conhecida no meio agronômico por receber muitas aplicações de agrotóxicos - especialmente fungicidas. De 2002 a 2004 foram analisadas anualmente, pela ANVISA, 4001 amostras de alimentos in natura, entre eles o morango onde foram encontrados 46,03%, 54,55%, 39,07% de resíduos de agroquímicos, respectivamente.

Portal Orgânico: De que forma foi realizada a pesquisa, e quais foram os métodos utilizados?
Priscila Terrazzan: Os morangos foram colhidos - tanto o orgânico como o convencional - na região de Atibaia-SP e foram imediatamente transportados até o Laboratório de Fisiologia e Bioquímica Pós-colheita do Departamento de Ciências Biológicas da ESALQ/USP, onde foram selecionados quanto à firmeza, ausência de danos mecânicos e infecções visíveis.
Posteriormente, os frutos foram acondicionados em bandejas rígidas perfuradas de politereftalato de etileno (PET), iguais aquelas que acondicionam os morangos quando compramos em supermercados ou feiras. Os frutos foram armazenados em duas temperaturas diferentes e manteve-se a umidade relativa. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com 4 tratamentos e 4 repetições. Já, as avaliações, como perda de matéria seca, cor, doçura, teores de vitamina C, entre outras, foram realizadas a cada 3 dias, por um período de 15 dias.

Portal Orgânico: E o que vocês puderam concluir?
Priscila Terrazzan: Até o 6º dia de armazenamento os morangos apresentaram perda de massa entre 5 e 10%, sendo que após este período foram verificadas perdas entre 10 e 15%, podendo ter sido possível verificar murchamento visível e perda de brilho característico do fruto. Perdas de massa superiores a 10%, em morango, comprometem significativamente a qualidade do morango e provoca rejeição por parte dos consumidores. Inicialmente foram obtidos teores de SST de 8,3 e 7,8 ºBrix para os tratamentos morango orgânico e morango convencional, respectivamente. Durante o armazenamento foram verificadas oscilações nestes teores, tendo os valores ficado entre 7,5 e 9,0 oBrix.
Em relação à acidez obteve-se inicialmente que os tratamentos provenientes de produção orgânica apresentaram 20% mais ácido cítrico que os morangos de produção convencional. Estas diferenças se mantiveram durante o armazenamento refrigerado.
Observou-se que os morangos provenientes do sistema de produção orgânico apresentaram, inicialmente, durante e ao final do experimento, maiores teores de ácido ascórbico. Este ácido é constituinte da vitamina C total, formada pelo ácido ascórbico e pelo dehidroascórbico, ambos com poder vitamínico. Maiores teores de ácido ascórbico também foram verificados em pesquisa realizada com morango e milho provenientes de sistema de produção orgânico e sustentável comparados com os mesmos vegetais, provenientes de sistema convencional de produção.
Por fim, o morango, independente de sua procedência (sistema orgânico ou convencional), teve uma vida máxima de prateleira de 6 dias, sendo que a partir desse dia, as perdas de massa fresca ultrapassaram o valor de 10% comprometendo a qualidade do produto.

Portal Orgânico: Nos dê uma explicação. O que estes dados representam?
Priscila Terrazzan: Há poucos relatos na literatura sobre a caracterização dos produtos orgânicos em relação aos produtos de sistema convencional, bem como o seu comportamento em pós-colheita. O metabolismo do fruto orgânico parece diferir do convencional, considerando os maiores teores de acidez e de ácido ascórbico observados em nosso trabalho. Os ácidos constituem substratos para a respiração, além dos açúcares, enquanto que o ácido ascórbico participa de reações antioxidativas que se processam durante a maturação e após a colheita do fruto. É possível que o produto orgânico sofra menos estresse durante sua ontogenia que o convencional, tendo, portanto, preservado maior acidez e ácido ascórbico. No produto convencional, onde existe, antes da colheita, uma aplicação intensiva de agroquímicos, é possível que a metabolização destes compostos exija uma maior atividade metabólica do fruto, principalmente respiração, havendo consumo de ácidos nesse processo. Além disso, a utilização de ácido ascórbico em reações regenerativas, principalmente próximas às membranas celulares, locais onde os agroquímicos podem estar acumulados, pode estar acontecendo com maior intensidade no produto convencional em relação ao orgânico.


SERVIÇO:
A íntegra do experimento encontra-se disponibilizada, em inglês, na Revista Iberoamericana de Tecnologia Postcosecha, v. 8, p. 33-37, 2006. Para ter acesso, entre em contato com o Portal Orgânico que enviaremos por e-mail (arquivo em PDF).

www.portalorganico.com.br

www.portalagricultura.com.br

www.nutricaoportal.com.br

www.portalgastronomia.com.br

sexta-feira, 27 de julho de 2007

COMO DIMINUIR OS RESÍDUOS DE AGROTÓXICOS EM SUA ALIMENTAÇÃO

1 – Lave legumes, verduras e frutas numa solução suave e detergente e água pura ou em mistura de água e vinagre. Deixe-os de molho de 15 a 20 minutos e enxague-os cuidadosamente.
2 - Em alguns casos, frutas e legumes podem receber uma camada de cera para
que não percam a umidade e murchem. Esta cera também contém substâncias
fungicidas e bactericidas para evitar o aparecimento fungos e de bactérias.
Ex. maçãs, pimentões, beringelas, grapefruits, melões, nectarinas,
pêssegos, etc. Para eliminá-la, sempre que possível, descasque legumes e
frutas. Você perderá algumas vitaminas contidas na casca, mas em
compensação terá uma alimentação mais segura.
3 – Procure usar sempre legumes, verduras e frutas da safra, pois possuirão menos defensivos e hormônios.
4 – Legumes muito grandes, produzidos convencionalmente, podem ser resultado de adubação e estimulantes artificiais.
5 – Dê preferência aos produtos nacionais, ao invés dos importados. Frutas e legumes produzidos localmente não requerem tantos pesticidas como aqueles que percorrem longas distâncias e são armazenados por longos períodos de tempo.
6 – Resíduos de pesticidas e outros produtos químicos tendem a se concentrar nos tecidos gordurosos dos animais. Diminuir seu consumo reduz a ingestão de agrotóxicos. Ao preparar qualquer vaca, carne, frango, porco, etc. procure retirar toda a gordura e pele. Escolha laticínios com baixo teor de gordura, prefira leite desnatado e queijos magros.
7 – No Brasil, dentre os produtos agrícolas que mais recebem agrotóxicos, destacam-se o tomate, a batata inglesa, o morango e o mamão papaia. No caso da produção de uva Rubi e Itália, em São Paulo, são feitas até 40 aplicações de produtos químicos, da brotação até a colheita.
8 – Os consumidores não devem parar de consumir frutas ou verduras; estas informações se destinam a levar maior conhecimento do que ocorre na produção de hortigranjeira e dar-lhe uma visão mais crítica ao escolher o que vai a sua mesa.

Bibliografia:
ADDITIVE ALERT – What have they done to our food? – Prepared by Plution Probe
PRODUÇÃO ORGÂNICA DE ALIMENTAÇÃO NATURAL – Adilson D. Paschoal
GUIA PRATICO DE ALIMENTAÇÃO NATURAL – Dr. Márcio Bontempo
REVISTA AGRICULTURA BIODINÂMICA – Artigo: Os venenos e o respeito pela vida – pg. 22 Primavera 97

terça-feira, 3 de julho de 2007

Shimeji



O cogumelo Shimeji foi um dos produtos que fizeram sucesso nessa primeira compra coletiva!!

Shimeji na Manteiga

Ingredientes
- 200 grs de shimeji

- 2 colheres de sopa de manteiga

- 1 limão

- 1/2 xíc. de chá de cebolinha picada

- 1 pitada de sal e 1 pitada de pimenta

Opcional: nozes ou amendoas picadas à gosto

Modo de Preparo
shimeji na chapa:Lave os shimejis e separe em vários pedaços com o cabo.Coloque duas colheres de manteiga numa frigideira bem quente.Acrescente o shimeji em pedaços. Abafe por alguns instantes sem deixar amolecer demais.Jogue a cebolinha picada e um pouco de sal. Se quiser acrescente nozes ou amendoas picadas.

sábado, 23 de junho de 2007

Ovos orgânicos - SABOR E COR




Nossas galinhas foram criadas desde o seu nascimento sem o uso de qualquer antibiótico ou coccidiostático. Desde pintainhas foram vacinadas para que resistam a todas as doenças e à coccidiose. Aos 20 dias de idade conheceram o campo, sendo que a partir daí cresceram em liberdade. Todo o plantel possui bico inteiramente natural permitindo o hábito de ciscar e a higiene pessoal. O respeito aos animais faz parte da nossa ética de produção.
Os animais vivem em amplos piquetes cercados (4m2 por ave) que os protegem de predadores e lhes permitem ciscar, correr, abrir as asas, voar, enfim...praticar todas as atividades com que a natureza os dotou.
A alimentação das aves é feita de uma mistura de cereais orgânicos moídos (milho, soja), sal comum, produtos homeopáticos, vitaminas e minerais, garantindo-lhes uma perfeita saúde.
As instalações espaçosas são calculadas para 6 animais/m2 e cada animal tem 18cm de poleiro para descansar à noite.
Garantimos às nossas aves um sono ininterrupto de 8h diárias.
Para controle de doenças, vacinamos as aves contra as principais doenças existentes no Brasil e utilizamos produtos homeopáticos correntemente. Nunca utilizamos qualquer antibiótico ou produto alopático, pois nosso controle sanitário permite-nos um excelente desempenho das aves.
Nosso pessoal é treinado para não provocar stress aos animais e ter o máximo cuidado na alimentação e fornecimento de água aos mesmos.
Os ovos são postos em ninhos e retirados diariamente. Seguem então para ovoscopia e inspeção por nossa veterinária. Após este processo são embalados e em no máximo dois dias após a postura chegam às prateleiras dos pontos de venda.
Garantimos desta forma o frescor do nosso produto e a alta qualidade do mesmo, sendo facilmente observável a presença de duas alturas de clara quando abertos os ovos mais frescos.
Seguimos a legislação brasileira de produção orgânica, as normas de produção da certificadora

sexta-feira, 22 de junho de 2007

A farra dos sacos plásticos

André Trigueiro: pós-graduado em meio ambiente, jornalista, redator e
apresentador do Jornal das 10, da Globonews, desde 1996.

Creio que um dos primeiros presentes que recebi de meus sogros em Viena foram 2 bolsas de algodão para ir ao Supermercado. Depois compreendi". supermercados, farmácias e boa parte do comércio varejista embalam em saquinhos tudo o que passa pela caixa registradora. Não importa o tamanho do produto que se tenha à mão, aguarde a sua vez porque ele será embalado num saquinho plástico. O pior é que isso já foi incorporado na nossa rotina como algo normal, como se o destino de cada produto comprado fosse mesmo um saco plástico. Nossa dependência é tamanha que quando ele não está disponível costumamos reagir com reclamações indignadas.
Quem recusa a embalagem de plástico é considerado, no mínimo, exótico.
Outro dia fui comprar lâminas de barbear numa farmácia e me deparei com uma situação curiosa: a caixinha com as lâminas cabia perfeitamente na minha pochete. Meu plano era levar para casa assim mesmo. Mas num gesto automático, a funcionária registrou a compra e enfiou rapidamente a mísera caixinha num saco onde caberiam seguramente outras dez. Pelas razões que explicarei abaixo, recusei gentilmente a embalagem.
A plasticomania vem tomando conta do planeta desde que o inglês Alexander Parkes inventou o primeiro plástico, em 1862. O novo material sintético reduziu os custos dos comerciantes e incrementou a sanha consumista da civilização moderna.
Mas os estragos causados pelo derrame indiscriminado de plásticos na natureza tornou o consumidor um colaborador passivo de um desastre ambiental de grandes proporções. Feitos de resinas sintéticas originadas do petróleo, esses sacos não são biodegradáveis e levam séculos para se decompor na natureza. Usando a linguagem dos cientistas, esses saquinhos são feitos de cadeias moleculares inquebráveis, e é impossível definir com precisão quanto tempo levam para desaparecer no meio natural.
No caso específico das sacolas de supermercado, por exemplo, a matériaprima é o plástico filme, produzido a partir de uma resina chamada polietileno de baixa densidade (PEBD). No Brasil são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme, que já representa 9,7% de todo o lixo do país.
Abandonados em vazadouros. Esses sacos plásticos impedem a passagem da água, retardando a decomposição dos materiais biodegradáveis, e dificultam a compactação dos detritos. Essa realidade que tanto preocupa os ambientalistas no Brasil, já justificou mudanças importantes na legislação - e na cultura - de vários países europeus.
Na Alemanha, por exemplo, a plasticomania deu lugar à sacolamania (cada um levando sua própria sacola). Quem não anda com sua própria sacola a tiracolo para levar as compras é obrigado a pagar uma taxa extra pelo uso de sacos plásticos. O preço é salgado: o equivalente a sessenta centavos a unidade. A guerra contra os sacos plásticos ganhou força em 1991, quando foi aprovada uma lei que obriga os produtores e distribuidores de embalagens a aceitar de
volta e a reciclar seus produtos após o uso. E o que fizeram os empresários? Repassaram imediatamente os custos para o consumidor. Além de antiecológico, ficou bem mais caro usar sacos plásticos na Alemanha.
Na Irlanda, desde 1997 paga-se um imposto de nove centavos de libra irlandesa por cada saco plástico. A criação da taxa fez multiplicar o número de irlandeses indo às compras com suas próprias sacolas de pano, de palha, e mochilas. Em toda a Grã-Bretanha, a rede de supermercados CO-OP mobilizou a atenção dos consumidores com uma campanha original e
ecológica: todas as lojas da rede terão seus produtos embalados em sacos plásticos 100% biodegradáveis. Até dezembro deste ano, pelo menos 2/3 de todos os saquinhos usados na rede serão feitos de um material que, segundo testes em laboratório, se decompõe dezoito meses depois de descartado. Com um detalhe interessante: se por acaso não houver contato com a água, o plástico se dissolve assim mesmo, porque serve de alimento para microorganismos encontrados na natureza. Não há desculpas para nós brasileiros não estarmos igualmente preocupados com a multiplicação indiscriminada de sacos plásticos na natureza.
O país que sediou a Rio-92 (Conferência Mundial da ONU sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente) e que tem uma das legislações ambientais mais avançadas do planeta, ainda não acordou para o problema do descarte de embalagens em geral, e dos sacos plásticos em particular. A única iniciativa de regulamentar o que hoje acontece de forma aleatória e caótica foi
rechaçada pelo Congresso na legislatura passada. O então deputado Emerson Kapaz foi o relator da comissão criada para elaborar a "Política Nacional de Resíduos Sólidos". Entre outros objetivos, o projeto apresentava propostas para a destinação inteligente dos resíduos, a redução do volume de lixo no Brasil, e definia regras claras para que produtores e comerciantes assumissem novas responsabilidades em relação aos resíduos que descartam na natureza,
assumindo o ônus pela coleta e processamento de materiais que degradam o meio ambiente e a qualidade de vida. O projeto elaborado pela comissão não chegou a ser votado. Não se sabe quando será. Sabe-se apenas que não está na pauta do Congresso. Omissão grave dos nossos parlamentares que não pode ser atribuída ao mero esquecimento. Há um lobby poderoso no
Congresso trabalhando no sentido de esvaziar esse conjunto de propostas que atinge determinados setores da indústria e do comércio.
É preciso declarar guerra contra a plasticomania e se rebelar contra a ausência de uma legislação específica para a gestão dos resíduos sólidos. Há muitos interesses em jogo. Qual é o seu?
VAMOS FAZER A NOSSA PARTE

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Varejão orgânico

Estão todos convidados a conhecer os produtos e produtores que farão parte da nossa rede de compra, neste sábado, no Varejão Central (Rua Santa Cruz, 1260 - esquina com a Rua D. Pedro I), na barraca de produtos orgânicos.

Nos encontramos lá!

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Leitura recomendada

http://www.urbal.piracicaba.sp.gov.br/download/ju327pg02.pdf

Texto "As várias dimensões da fome" de Water Belik da Universidade de Campinas, vale a pena conferir!

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Consumo e Sustentabilidade... algumas reflexões

Por Iara Aragonez 1
"... a Terra tem o suficiente para todos. Mas somente o suficiente".
(Gandhi, 1949).
O Consumo é uma construção social, e, como tal, pode constituir-se em elemento impulsionador de transformações, possibilitando que a partir dele contribua-se para a alteração do modelo de desenvolvimento vigente na sociedade contemporânea - que é insustentável, injusto e excludente. Para tanto, forças sociais precisam mobilizar-se e organizar-se para forjar uma nova consciência coletiva quanto ao significado do ato de consumir e para criar as condições objetivas que propiciem a adoção de um novo padrão de consumo, este, indutor e fortalecedor de novas práticas produtivas, base de um novo modelo de desenvolvimento - sustentável, justo e distribuidor de riquezas.
A demanda de produtos gerada pela sociedade atual é resultado de campanhas de massa que induzem e estabelecem o modelo de consumo, que por sua vez induz e orienta o modelo de produção hegemônico.
Desta forma, estabelece-se um círculo vicioso alimentado pela criação sistemática de novas necessidades, consolidando cada vez mais uma cultura baseada em princípios e valores que associam a qualidade de vida, a felicidade e o bem-estar à maior ou menor capacidade de ter. Os produtos valem por si mesmo e o processo para a sua realização não tem significado. No intuito de atender a demanda criada, a velocidade, a pressa, a aparência e a descartabilidade orientam o processo produtivo, que na sua realização viola direitos, explora trabalhadores (as) e nega o próprio ambiente, pois desconsidera o seu ciclo e ritmo de recomposição e por conseqüência os efeitos predatórios sobre o mesmo.
Dada a dimensão e complexidade do desafio colocado - re-significação do ato de consumir e de produzir - é necessário que o mesmo transforme-se em desejabilidade e intencionalidade de muitos atores sociais, para que, de forma organizada e sistêmica, sejam desencadeados processos que coloquem gradativamente em cheque a lógica produtivista vigente e ao mesmo tempo consolide mecanismos que propiciem a adoção de outra prática, orientada pelos princípios e valores da sustentabilidade.
A re-significação é passível de ser construída, dentre outras formas associadas, a partir de ações que articulem quatro grandes campos (i) o campo dos consumidores; (ii) o campo dos produtores; (iii) o campo da consciência coletiva (iv) o campo dos Movimentos Sociais. Considerando que processos de mudança social e econômica dependem de mudanças de atitude e da implementação de um conjunto de medidas, de caráter governamental e não governamental, é necessário instituir organizações perenes que atuem na sociedade nessa perspectiva, bem como apoiar e provocar os movimentos sociais para que incluam em suas pautas de luta e de reivindicações o tema Consumo Consciente, consolidando e acumulando processos capazes de impactar o modelo vigente.
O enfoque da mudança, nessa concepção, implica, portanto, na articulação de organizações e movimentos que abriguem forças sociais plurais, capazes de olhar e denunciar a realidade a partir das múltiplas dimensões que a organizam. Nesse caso articular, significa focar luzes na relação de interdependência existente entre os atos de consumo e os atos de produção, desenvolvendo uma consciência crítica e forjando novos valores orientados pelos princípios do consumo sustentável, compreendendo este como indutor (um dos elementos) de um modelo de desenvolvimento sustentável.2
A Cooperativa GiraSol, é, no estado do Rio Grande do Sul uma organização que cumpre com essa missão de contribuir para a construção de um novo modelo de desenvolvimento, focando a sua ação no comércio justo e no consumo consciente.3 Para tanto a sua prática estrutura-se a partir de dois eixos centrais: (i) sensibilização de consumidores para a compra de produtos oriundos da economia popular solidária, agroindústria familiar e agricultura ecológica, que aliam em sua
concepção respeito ambiental e autogestão e; (ii) articulação de consumidores e produtores sustentáveis em uma Rede de Consumo Consciente e de Comércio Justo, viabilizando o acesso a produtos oriundos de processos produtivos sustentáveis.
Um novo ciclo iniciar-se-á quando o futuro imaginado dá início a sua materialização. Dois indicadores importantes nos sinalizam esse futuro: a significativa migração de consumidores de produtos provenientes do mercado tradicional - que não considera a cadeia de valores oculta em cada produto - para produtores/fornecedores do campo popular solidário - para os quais os produtos assumem valor a partir dos processos produtivos que os geraram – e a consolidação dos processos produtivos destes produtores, com seu respectivo fortalecimento e enraizamento na sociedade.
Quanto mais atores sociais protagonizarem a desejabilidade e a intencionalidade de re-significar o ato de consumir e de produzir em nossa sociedade, e mais organizações e redes constituírem-se com essa perspectiva, criando as condições para que uma “outra economia aconteça”, mais factível a afirmação de que um “outro mundo é possível”, mais justo, mais igualitário e mais fraterno.
1 Militante da Economia Popular Solidária/RS; Sócia fundadora da Cooperativa GiraSol e mestranda do curso “Desarrollo Sustentable”.
2 O "Nosso Futuro Comum", documento publicado em 1982 e mais conhecido como "Relatório Brundtland", elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas e presidida por Gro Brundtland, primeira-ministra da Noruega. O relatório Brundtland consolida uma visão crítica do modelo de desenvolvimento adotado pelos países industrializados e mimetizado pelas nações em desenvolvimento, ressaltando aincompatibilidade entre os padrões de produção e consumo vigentes nos primeiros e o uso racional dos recursosnaturais e a capacidade de suporte dos ecossistemas. Conceitua como sustentável o modelo de desenvolvimento que"atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas própriasnecessidades". A partir de sua publicação, o "Nosso Futuro Comum" tornou-se referência mundial para a elaboração deestratégias e políticas de desenvolvimento eco-compatíveis.
3 Manifesto de Fundação da Cooperativa GiraSol - Comércio Justo e Consumo Consciente – www.coopgirasol.com.br

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Memória de Reunião de Planejamento - Primeira Compra



No dia 13 de junho foi realizada a segunda reunião de planejamento da compra coletiva na sede do Centro Ecológico Flora Guimarães Guidoti em que foram deliberados os seguintes assuntos:
- A rede de e-mails dos consumidores será administrado por André, que lançará a proposta na próxima semana;
- As entregas serão realizadas nas terças-feiras, e os pedidos ao grupo devem ser entregues até a quinta anterior (para não atrapalhar a colheita da feira);
- Os produtos serão embalados por pedidos (esses emitidos em pesos padrões), e entregue em caixas por produtos;
- Fernanda centraliza os recursos e repassa para o CE que fica resposável em ratiar entre os agricultores;
- Mel do Sul de Minas trazidos pela Alexandra e ovos do Samuel também serão incproporados à lista;
- Embalagens zip serão utilizadas para proutos a granel, serão cobradas uma vez e deverão ser retornadas;
- As caixas de plástico serão emprestadas neste primeiro momento, o ideal é que cada consumidor tenha 2 caixas para não desfalcar os produtores
.

Associação Comunitária Rural Alvorada - ACRA



Por Fernanda Moraes

O grupo Sol e Frutas, criado por iniciativa do Centro Ecológicao Flora Guimarães Guidoti, está fornecendo produtos hortifruti para nossa primeira compra coletiva. Um dos participantes desse grupo é a ACRA (Associação Comunitária Rural Alvorada) que tem sua sede localizada na Rua Atlas, 436, Jardim Alvorada, Americana/SP. Esta Associação é composta atualmente por 5 famílias que se dedicam a atividades ligadas à agricultura para venda e consumo próprio. Foi criada em 1987 por moradores do Jardim Alvorada e estão em processo de certificação orgânica.

A representante da Associação que participou da última reunião de planejamento da compra coletiva foi a agricultora Lurdes, que trouxe a possibilidade de visitas às áreas de produção. Brevemente estaremos organizando esta visita para uma maior aproximação com o grupo.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Redes - porque entrar nesse movimento

Por Fernanda Moraes

Todos os que vivem em sociedade estão, de alguma forma, fazendo parte de um espaço público, de uma relação, de uma rede. Ter consciência disso é um passo em direção à cidadania, à possibilidade de escolha entre contribuir mais ativamente para o desenvolvimento da comunidade ou não, entre ter um comportamento responsável ou irresponsável diante da coletividade e da perspectiva das diversas sustentabilidades (social, econômico, ambiental e outras possíveis). Entender que vivemos e construímos nossa sociedade em rede é o típico exemplo de um conhecimento que gera poder - o poder da escolha e da transformação (AMARAL, V. 2003).

Uma estrutura em pirâmide corresponde ao que seu próprio nome indica: as pessoas ou entidades se organizam em níveis hierárquicos, que se superpõem, cada nível compreendendo menos integrantes do que o nível que lhe é inferior. O conjunto se afunila a partir de uma base que pode ser mais ou menos ampla, para chegar a um topo no qual pode se encontrar um único integrante – o “chefe”. A comunicação entre integrantes de diferentes níveis se faz de cima para baixo ou de baixo para cima, através dos níveis intermediários àqueles que se comunicam.

Uma estrutura em rede – que é uma alternativa à estrutura piramidal – corresponde também ao que seu próprio nome indica: seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou central, nem representante dos demais. Não há um “chefe”, o que há é uma vontade coletiva de realizar determinado objetivo.

Segundo Whitaker, ”rede é um sistema de nós e elos capaz de organizar pessoas e instituições, de forma igualitária e democrática, em torno de um objetivo comum”. Os elos representam a troca de informações e a comunicação entre os atores sociais que formam um grupo, conjunto de pessoas e organizações conectadas pela intencionalidade de planejar ações conjuntas para o atendimento às necessidades de uma localidade. Os nós representam o momento da composição, do comprometimento em torno da causa comum.

Redes são comunidades, virtual ou presencialmente constituídas; é uma estrutura social estabelecida de forma orgânica, ou seja, se constitui a partir de dinâmicas coletivas e historicamente únicas. Sua própria história e sua cultura definem uma identidade comunitária. Esse reconhecimento deve ser coletivo e pode ser um grande contribuinte para os sentidos de pertencimento dos cidadãos e para o desenvolvimento comunitário.Uma atuação em rede supõe valores e a declaração dos propósitos do coletivo, podem apresentar uma multiplicidade de formas, muitas vezes híbridas, a partir de determinados tipos que se desdobram e modificam em graus diferenciados de multiplicação e especialização

AMARAL, V. Redes. 2003. Artigo disponível em: <http://www.rits.org.br/redes_teste>. Acesso em 13 de maio de 2005
MANCE, E. A. Como organizar redes solidárias. Rio de Janeiro: DP&A, Fase, Ifil, 2003
WHITAKER, F. Rede: uma estrutura alternativa de organização. 1993. Artigo disponível em: <
http://www.rits.org.br/redes_teste/rd_tmes_dez2002.cfm>. Acesso em 13 de maio de 2005.

Criação do Espaço Virtual




Olá pessoal!

Estamos testando essa forma de comunicação para dividir nossas idéias, ações e vontades com quem tiver interessado em embarcar nessa rede.

Aguarde!