terça-feira, 12 de junho de 2007

Redes - porque entrar nesse movimento

Por Fernanda Moraes

Todos os que vivem em sociedade estão, de alguma forma, fazendo parte de um espaço público, de uma relação, de uma rede. Ter consciência disso é um passo em direção à cidadania, à possibilidade de escolha entre contribuir mais ativamente para o desenvolvimento da comunidade ou não, entre ter um comportamento responsável ou irresponsável diante da coletividade e da perspectiva das diversas sustentabilidades (social, econômico, ambiental e outras possíveis). Entender que vivemos e construímos nossa sociedade em rede é o típico exemplo de um conhecimento que gera poder - o poder da escolha e da transformação (AMARAL, V. 2003).

Uma estrutura em pirâmide corresponde ao que seu próprio nome indica: as pessoas ou entidades se organizam em níveis hierárquicos, que se superpõem, cada nível compreendendo menos integrantes do que o nível que lhe é inferior. O conjunto se afunila a partir de uma base que pode ser mais ou menos ampla, para chegar a um topo no qual pode se encontrar um único integrante – o “chefe”. A comunicação entre integrantes de diferentes níveis se faz de cima para baixo ou de baixo para cima, através dos níveis intermediários àqueles que se comunicam.

Uma estrutura em rede – que é uma alternativa à estrutura piramidal – corresponde também ao que seu próprio nome indica: seus integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou através dos que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os lados, sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou central, nem representante dos demais. Não há um “chefe”, o que há é uma vontade coletiva de realizar determinado objetivo.

Segundo Whitaker, ”rede é um sistema de nós e elos capaz de organizar pessoas e instituições, de forma igualitária e democrática, em torno de um objetivo comum”. Os elos representam a troca de informações e a comunicação entre os atores sociais que formam um grupo, conjunto de pessoas e organizações conectadas pela intencionalidade de planejar ações conjuntas para o atendimento às necessidades de uma localidade. Os nós representam o momento da composição, do comprometimento em torno da causa comum.

Redes são comunidades, virtual ou presencialmente constituídas; é uma estrutura social estabelecida de forma orgânica, ou seja, se constitui a partir de dinâmicas coletivas e historicamente únicas. Sua própria história e sua cultura definem uma identidade comunitária. Esse reconhecimento deve ser coletivo e pode ser um grande contribuinte para os sentidos de pertencimento dos cidadãos e para o desenvolvimento comunitário.Uma atuação em rede supõe valores e a declaração dos propósitos do coletivo, podem apresentar uma multiplicidade de formas, muitas vezes híbridas, a partir de determinados tipos que se desdobram e modificam em graus diferenciados de multiplicação e especialização

AMARAL, V. Redes. 2003. Artigo disponível em: <http://www.rits.org.br/redes_teste>. Acesso em 13 de maio de 2005
MANCE, E. A. Como organizar redes solidárias. Rio de Janeiro: DP&A, Fase, Ifil, 2003
WHITAKER, F. Rede: uma estrutura alternativa de organização. 1993. Artigo disponível em: <
http://www.rits.org.br/redes_teste/rd_tmes_dez2002.cfm>. Acesso em 13 de maio de 2005.

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